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O PORCO
Por Almir Berg (Aluno, 6º Ano), em 2015/12/29258 leram | 0 comentários | 150 gostam
Texto premiado em 2° lugar na categoria 5º, 6º e 7º Anos do Concurso de Narrativas - XXII Feira do Livro de Morro Reuter
O PORCO

O menino Maciel estava com seu pai Júlio, na sala de sua casa. Ele queria contar para seu pai o livro que retirou na biblioteca escolar, pois sua tarefa para a próxima aula é justamente contar para os colegas o que havia lido. O pai não lia muito, mas gostava de ouvir as histórias que o filho contava. Assim, incentivava o pequeno a ler sempre mais.
No sossego do final de dia, pai e filho estavam sozinhos. A mãe estava ajudando uma irmã que acabara de ter seu segundo filho. Com seu ritual pronto (Maciel arrumava as cadeiras da cozinha na sala, enfileiradas, como na escola), já poderia começar a contar. O livro dessa semana era de contos de terror. Maciel o encontrou na última prateleira da biblioteca, entre os livros para os “grandes” e se sentiu muito importante quando a professora autorizou o aluno a retirá-lo. Apenas alertou:
- Esse livro é de terror, tudo bem Maciel?
- Tudo bem professora, sou bem grandinho já para entender que é faz de conta.
Assim que terminou de contar isso ao pai, eles ouviram um grito de porco, lá do chiqueiro. O pai de Maciel, Júlio, ficou desesperado com esse grito, pois era diferente. Achou que acontecia alguma coisa com os seus porcos, mas seu filho Maciel disse que os porcos deviam estar só se empurrando lá no chiqueiro. Julio insistiu e por isso foram juntos para o chiqueiro ver o que acontecia. Mesmo com o anoitecer, não viam problema algum em caminhar pelo grande pátio do sítio, já que o conheciam como a palma da mão.
Quando chegaram ao chiqueiro, viram que um porco tinha fugido. Mas por que gritou tanto? Começaram a procurar o porco, e quando o acharam, Maciel se pôs a correr atrás do bicho para pegá-lo. Júlio falou para o filho que não corresse atrás do porco porque se não ele vai ficar com medo e vai fugir pra mais longe. Realmente, em alguns minutos o danado do bicho voltou por conta. Maciel e o pai combinaram que quando o porco chegasse mais perto, iriam cercá-lo e capturá-lo juntos.
O porco chegou mais perto e começou a roncar, quase parecia que pedia por socorro. Pai e filho cercaram o bicho, que sequer relutou, pelo contrário, entregara-se facilmente ao dono. Maciel foi o primeiro a ver e disse ao pai que o porco foi arranhado por outro animal. Um arranhão estranho, profundo, grande. O pai disse que já está na hora de carnear esse porco danado, ainda mais agora, já que está machucado.
No chiqueiro, Maciel e o pai martelaram algumas madeiras para o porco não fugir mais. O filho chamou seu pai para voltar à sala que ele ia continuar a contar seu livro. Ele contou as histórias de assombrações e as lendas que havia em cada conto daquele livro. O final, porém, era um final estranho, inacabado parecia.
Amanheceu. O pai há muito já devia estar na lida do campo, que começa bem cedo. O menino bebe seu leite e, de mochilas nas costas, prepara-se para ir à escola. Ao abrir a porta, depara-se com estranhas marcas gravadas no chão empoeirado do sítio. O pai está parado junto à entrada do chiqueiro, ele tem uma mão na cintura e a outra coça a cabeça como que querendo entender o que se passa. Maciel, já perto do chiqueiro, vê entre o braço e a cintura do pai o porco que lhes deu tanto trabalho na noite anterior. Empolgado, pede ao pai se pode ajudar a carnear o bicho, que o avô sempre o deixa ficar por perto, que ele não vai atrapalhar, jura juradinho. Ao entrar, porém, vê novamente o ferimento do porco que, ao invés de estar deitado descansando como lhe parecia, estava lá no cantinho do chiqueiro bem encolhidinho, enroladinho, morto.


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