Bichos sobre rodas | |
Por Paulo Ricardo (Aluno, 1° E.M.), em 2016/09/20 | 1802 leram | 0 comentários | 164 gostam |
Cães, gatos, coelhos e até furões com deficiência física já dispõem de aparelhos fisioterápicos que facilitam sua locomoção | |
Não é de agora que os avanços da medicina veterinária têm proporcionado aos animais de estimação qualidade de vida e bem-estar cada vez mais elevados. A cadelinha Naná, uma SRD (sem raça definida) de 7 anos que o diga. Graças ao surgimento de profi ssionais especializados e terapias específicas para o seu problema ortopédico, hoje ela pode se locomover praticamente como qualquer outro bichinho. Há cerca de três anos, o animal sofreu uma grave lesão, causada provavelmente pela fragilidade de sua coluna vertebral mais alongada. O problema afetou suas patas traseiras e sua dona precisou recorrer a uma cadeira de rodas para que Naná recuperasse sua liberdade motora. “Hoje percebo que ela está muito feliz, já que agora pode se movimentar pela casa e conviver mais próxima da família e dos meus outros oito cães”, comemora Miriam Corazza Ronchetti. Relativamente novo no Brasil, o aparelho ortopédico para animais foi desenvolvido há mais de 45 anos, nos Estados Unidos, na Universidade da Pensilvânia. Desde então ele ganhou melhorias e tem se tornado mais acessível em território nacional. Em São Paulo, por exemplo, o modelo de Naná é apenas um dos cerca de 65 exemplares desenvolvidos por mês pela VetCar. Segundo o veterinário Eduardo Diniz, responsável pela empresa, 95% das pessoas que o procuram são donos de cachorros, mas ele também fabrica cadeiras de rodas sob medida para gatos, coelhos e até furões. Disponibilidade e adaptação Dentre suas diversas aplicações, o aparelho ortopédico é indicado para problemas ocasionados por acidentes, traumas na medula, hérnia de disco, mielopatia (problema que afeta a coluna) e displasia coxofemoral. Diniz lembra ainda que o equipamento previne o surgimento de escaras e atrofia muscular. Produzido aos moldes da detentora da patente, a empresa norte-americana K-9 Carts, o aparelho da VetCar é feito em aço inoxidável trefilado, com ligas em alumínio e rodas de borracha. O preço do produto varia de acordo com a quantidade de rodas que serão necessárias (duas ou quatro) e também com o porte do animal. O valor pode ser consultado após o envio do requerimento, disponível no site da empresa. Para os que buscam uma outra opção em São Paulo, a Car Dog oferece produtos feitos com alumínio e velcro, o que torna o aparelho um pouco mais acessível. Ele varia de 200 a 550 reais, dependendo da defi ciência do animal (paraplegia ou tetraplegia) e peso do mesmo. Já em Camaçari, Bahia, o ateliê Vidas Sobre Rodas também se especializou em fabricar aparelhos em alumínio. Segundo a fabricante, um diferencial é o tecido utilizado para sustentar as pernas dos bichinhos, que é atóxico, antisséptico e antialérgico. O preço também depende do modelo da cadeirinha e do tamanho do animal, mas custa de 312 a 552 reais, mais o frete de entrega, para todo o Brasil. E para os que não moram próximos de uma empresa que disponibiliza o serviço, Diniz, que faz até entregas internacionais, explica que não é necessário a presença do animal para a fabricação da cadeirinha. Basta que o dono preencha via internet um formulário com as medidas do pet para que em até 15 dias úteis o aparelho chegue já montado em casa. Também não é necessário se preocupar em ensinar o animal a utilizar o aparelho, já que isso geralmente acontece automaticamente. Segundo Miriam, dona da cadelinha Naná, a adaptação da pequena foi perfeita, “acho que por instinto, assim que a coloquei no aparelho ela começou a andar. Hoje fica até difícil imaginá-la sem ele”. Outra beneficiada da cadeira de rodas foi Branquinha, também conhecida carinhosamente como “Ursa”. Adotada em São Paulo há cinco anos pelo casal Juliana Ferreira de Oliveira e William Fonseca Jr., a SRD estava magra e muito doente quando encontrada. Vítima de erliquiose e cinomose, a cadela escapou da morte por pouco, mas acabou tetraplégica. Coube à mamãe adotiva, que é fisioterapeuta, aplicar seus conhecimentos no animal, que juntamente às sessões de acupuntura voltou a movimentar as pernas dianteiras, cabeça e pescoço. Com força sufi ciente para se locomover, e para evitar que se arrastasse, a pequena ganhou do pai adotivo uma cadeirinha toda feita em PVC e rodinhas de bicicleta infantil e de carrinho de bebê. Totalmente adaptada ao veículo, Branquinha compareceu ao Pet Fashion Week, realizado em abril deste ano, e fez o maior sucesso. Muito animada com a presença de tantos amigos peludos, fez bonito durante uma “entrevista” feita pela apresentadora Luísa Mell. | |
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