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Jornal da Escola Básica da Senhora da Hora
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Balada da neve
Por Ana Mafalda Carvalho (Aluna, 6ºH), em 2016/10/10960 leram | 3 comentários | 303 gostam
Para refletir melhor...
Batem leve, levemente,
 como quem chama por mim.
 Será chuva? Será gente?
 Gente não é, certamente
 e a chuva não bate assim.

 É talvez a ventania:
 mas há pouco, há poucochinho,
 nem uma agulha bulia
 na quieta melancolia
 dos pinheiros do caminho...

 Quem bate, assim, levemente,
 com tão estranha leveza,
 que mal se ouve, mal se sente?
 Não é chuva, nem é gente,
 nem é vento com certeza.

 Fui ver. A neve caía
 do azul cinzento do céu,
 branca e leve, branca e fria...
 – Há quanto tempo a não via!
 E que saudades, Deus meu!

 Olho-a através da vidraça.
 Pôs tudo da cor do linho.
 Passa gente e, quando passa,
 os passos imprime e traça
 na brancura do caminho...

 Fico olhando esses sinais
 da pobre gente que avança,
 e noto, por entre os mais,
 os traços miniaturais
 duns pezitos de criança...

 E descalcinhos, doridos...
 a neve deixa inda vê-los,
 primeiro, bem definidos,
 depois, em sulcos compridos,
 porque não podia erguê-los!...

 Que quem já é pecador
 sofra tormentos, enfim!
 Mas as crianças, Senhor,
 porque lhes dais tanta dor?!...
 Porque padecem assim?!...

 E uma infinita tristeza,
 uma funda turbação
 entra em mim, fica em mim presa.
 Cai neve na Natureza
 – e cai no meu coração.

Augusto Gil


Comentários
Por Miguel Fonseca (Aluno, 6ºB), em 2016/10/15
A minha turma representou esse poema o ano passado, no 4º ano, no espetáculo de natal.
Por Joana Almeida (Aluna, 6ºB), em 2017/01/25
O autor Augusto Gil faz poemas muito giros. Ainda bem que resolveste partilhá-los no nosso jornal.
:)
Por Luna Momteiro (Aluna, 5ºH), em 2017/04/03
Escolheste um bom poema, espero que um dia o digas para a turma.

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