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Jornal da Escola Secundária de Rocha Peixoto
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O que queres ser quando fores grande?
Por Sofia Brito (Aluna, 12ºG), em 2013/01/30698 leram | 2 comentários | 244 gostam
As escolhas não são novidade para nós. Entre sabores de gelado, cores de camisa, brincadeiras, livros, amigos, a infância foi- nos apresentando lentamente a esta exigência da vida – que tanto lhe é inerente, como a altera aos poucos.
Se formos analisar, porém, vemos que o campo académico é, se não o que exige mais escolhas, aquele cujas escolhas mais pesam. Como estudantes que frequentam o ensino secundário, as decisões académicas deixaram de ser novidade há muito. Desde a opção entre línguas estrangeiras ou outras disciplinas, à muito mais difícil escolha entre áreas (e cursos cientifico-humanísticos e profissionais e tecnológicos) após o término do ensino básico, não é, pois, qualquer decisão que nos assusta hoje em dia. E é exatamente essa noção que me faz ver o quanto é importante a incógnita que temos à nossa frente.
Falo, pois, da incógnita que é o futuro. Estando a terminar o secundário, chega a altura de pôr em prática a escolha que já vimos a decidir, com avanços e recuos, desde há muito tempo – ou talvez não tanto assim. Há alunos que não sabem ainda absolutamente nada das suas incógnitas: nem o emprego que querem, nem a área em que se insere o emprego que ainda não sabem que querem, nem sequer se esse emprego passa pelo ensino universitário ou não. Por mais que isto seja inconveniente, também é a prova viva de que estamos a lidar com algo de extrema importância: o nosso futuro, as nossas vidas. E isso pode ser assustador.
Por outro lado, esta aparente incapacidade de escolher pode vir também da pressão que são… as expectativas. Vivemos numa sociedade que coloca a escola e – na sua substituição, mais adiante – o emprego no centro das nossas vidas. Muitos de nós têm pais que confundem facilmente o que é melhor para nós com o que eles acham que é melhor para nós. E, sobretudo, somos a toda a hora incitados a ser escravos do dinheiro, do materialismo, do consumismo. Assim, este conjunto de fatores não podiam resultar noutra coisa que não em multidões de jovens que veem a sua escolha restrita a empregos prestigiantes, absorventes… e que paguem bem. Mesmo que isso não seja aquilo que eles querem, ou sonham, ou sequer tenham, de facto, competências para vir a fazer.
Contudo, o meu objetivo em escrever esta crónica não é ajudar na decisão, nem servir de psicóloga vocacional. O que eu pretendo é que o caro leitor entenda que, por mais que a sociedade tente, tantas vezes, fazer de nós apenas outro número, outro percurso igual, outro clone, a verdade é que não é assim. Não somos o resultado de uma fórmula quadrada, nem o devem ser as nossas vidas. Não somos forçados, agora que terminamos o secundário, a seguir um bom curso universitário, arranjar emprego, comprar casa, carro, casar, ter filhos, trabalhar, trabalhar, trabalhar… e esperar a morte. Não nos podemos reduzir a isso, especialmente quando temos potencialidades tão abrangentes e maravilhosas à nossa frente!
Penso que devemos escolher um emprego que, mais do que contribuir para a nossa própria conta bancária, nos permita contribuir para a sociedade. Com gosto, prazer e genuíno interesse pelo que estamos a fazer. Um emprego a que sejamos bons, que adoremos e que, portanto, transforme a tipicamente aborrecida rotina diária num motivo de satisfação e de realização pessoal. Ao mesmo tempo, não nos devemos deixar definir apenas por esse posto que ocupamos. Como pessoas, somos muito mais do que um trabalho das 9 às 5 e um salário no fim do mês. Vão sempre haver outros projetos, causas e sonhos que exigirão a nossa participação e é isso o que nos vai permitir descobrir e praticar os nossos talentos e capacidades ao longo da vida.
Por isso, caro leitor, não seja apenas outro trabalhador. Seja uma pessoa íntegra e completa, com aspirações e capacidades e vontade de tomar parte do que se passa à sua volta. Seja uma pessoa que, mais do que orientada pelo dinheiro, pela rotina ou pelo conformismo, é orientada por aquilo que a realiza, por aquilo que gosta e, consequentemente, por aquilo que mais lhe vai permitir contribuir para o mundo à sua volta.
Seja uma pessoa que sonha.


Comentários
Por Raquel Duarte (Professora), em 2013/02/21
Muito bem Sofia! A sociedade espera e precisa de ti! Imagino-te dentro de alguns anos a desempenhar um papel muito interventivo na nossa sociedade!
Por Ana Pedro Silva (Aluna, 8ºB), em 2013/03/27
Amei :)Muito bem estruturado!

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