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Jornal da Escola Secundária de Rocha Peixoto
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ENTREVISTA A MANUELA AZEVEDO - CLÃ
Por Albina Maia (Professora), em 2013/01/251742 leram | 1 comentários | 185 gostam
Manuela Azevedo nasceu em Vila do Conde, em 1970. Licenciou-se em Direito e tirou o Curso Geral de Piano.Em 1992 foi fundadora dos Clã.Fez parte do Projeto Humanos e foi a narradora do filme de animação “História Trágica com Final Feliz”
SEI QUE É FORMADA EM DIREITO. EM QUE MEDIDA CONSIDERA QUE A SUA FORMAÇÃO ACADÉMICA TEM LIGAÇÃO COM A SUA ACTIVIDADE PROFISSIONAL?
Apesar de, à primeira vista, Direito e Música terem pouco em comum, os conhecimentos jurídicos que adquiri na faculdade foram muito úteis na atividade profissional dos Clã - na análise de contratos editoriais, contratos de produção de espetáculos, questões relacionadas com direitos autorais, etc. Acabou por ser uma ferramenta útil no meu trabalho como música.
     POR QUE ESCOLHEU CONTINUAR A VIVER NA JUNQUEIRA?
O meu regresso à Junqueira começou por ser uma solução temporária que depois, por ter gostado tanto de voltar ao “ninho” e da tranquilidade e recato que encontrei, se tornou numa verdadeira escolha. A paz e sossego que tenho aqui é o complemento perfeito para os dias mais agitados e frenéticos que vivo com os Clã.
COMO SURGIU O GOSTO PELA MÚSICA?
Já desde criança que a música faz parte da minha vida. Começou pela dança – dança folclórica! Foi o meu irmão mais velho que me ensinou a dançar e me levou para o Rancho Folclórico da Junqueira. Depois, e ainda criança, fui cantora na banda, mais uma vez, do meu irmão mais velho. Depois destas primeiras experiências, comecei a estudar música mais seriamente, tendo ingressado na Academia de Música de Vila do Conde para frequentar o Curso de Piano. Em suma, a música esteve sempre presente.
QUAIS SÃO OS CANTORES QUE A INSPIRAM?
São tantos!... Do Tom Waits ao Camané, do Caetano Veloso ao José Mário Branco, da Elis Regina à Ella Fitzgerald, são muitos os artistas que me inspiram!
NO PRIMEIRO CONCERTO COMO VOCALISTA DOS CLÃ, COMO SE SENTIU?
No início estava muito nervosa e ansiosa, durante o concerto sentia-me cheia de adrenalina e euforia, e no final fiquei quase afónica de cansaço e emoção.
QUAL A SITUAÇÃO MAIS CARICATA QUE ACONTECEU EM PALCO?
Há muitos anos atrás, quando estávamos a tocar uma canção – a Grande Pirâmide, do álbum Kazoo – o palco partiu-se a meio. O Miguel (um dos teclistas) teve que saltar para um lado do palco, eu saltei para o outro lado do abismo, onde estava o Hélder a equilibrar o amplificador que quase caía, mas continuámos a tocar a canção até ao fim, sem vacilar!... Como ninguém se magoou, é das memórias mais divertidas que temos de peripécias caricatas em palco.
DAS IMENSAS CANÇÕES HÁ ALGUMA DE QUE GOSTE PARTICULARMENTE?
Esta pergunta é de resposta impossível! São tantas as canções e tantos e tão diferentes os motivos por que se tem prazer em cantá-las…
ACHA QUE ERA CAPAZ DE MUDAR O SEU ESTILO DE MÚSICA, OU MANTERIA O MESMO?
Os Clã nunca se preocuparam muito com aquilo que seria o seu “estilo de música”. O nosso trabalho é muito diferente, mudamos muito de disco para disco, gostamos de experimentar coisas diferentes, explorar novos caminhos. Ou seja, encaramos o nosso trabalho mais como um processo de aprendizagem e exploração e, nesse sentido, de evolução e mudança, do que um desejo de manter um certo estilo ou forma de fazer música.
VAI INICIAR ALGUMA TOURNÉE PARA PROMOVER O SEU NOVO DISCO?
Neste momento, estamos no final da digressão do Disco Voador e a iniciar o trabalho de preparação de um novo álbum. Até termos um novo disco pronto e uma nova digressão preparada, falta ainda muito tempo!...
COM UMA ATIVIDADE PROFISSIONAL TÃO INTENSA, COMO CONSEGUE CONCILIAR A SUA VIDA FAMILIAR?
Se é certo que há fases na nossa profissão mais intensas, em que quase temos vida de saltimbancos, há depois alturas mais tranquilas, mais caseiras. O mais importante para se conciliar tudo é termos a cumplicidade e a ajuda da família. E, felizmente, cá em casa somos bons companheiros.
     TEM FILHOS NA ESCOLA?
     Tenho uma filha que frequenta o 5º ano na E.B. 2/3 da Junqueira.
    COMO VÊ A ESCOLA/ENSINO ATUALMENTE?
Com muita preocupação. A escola e o ensino são essenciais para a vida do país, para preparar o seu futuro. E já há muitos anos que há uma certa desregulação no funcionamento do nosso ensino. Apesar de algumas coisas que foram melhorando, o facto dos sucessivos governantes não terem olhado e investido no ensino como uma prioridade, faz com que agora, com os terríveis cortes que estão a ser feitos a pretexto da famosa “crise”, a qualidade do nosso ensino (principalmente, do ensino público) decaia profundamente. É por isso que é muito importante que, nesta área (como em outras áreas da nossa vida), as pessoas se unam. É fundamental que a solidariedade das comunidades e a ação da sociedade civil ajudem a compensar e corrigir os efeitos nefastos que as medidas contra a crise têm sobre as nossas escolas, os nossos professores, os nossos filhos, o nosso futuro.
QUE CONSELHO(S) DARIA AOS JOVENS DA MINHA IDADE?
Atrevam-se a ser idealistas e sonhadores, a ter esperança, a resistir às dificuldades e obstáculos, a lutar por aquilo que querem fazer e descobrir. E, para isso, estejam com todos os sentidos alerta para aprenderem o mais possível sobre o mundo, sobre a vida, sobre as pessoas à vossa volta. Não se deixem adormecer, como muitos da minha geração, pelo consumismo e pelo cinismo, nem se deixem derrotar pelas notícias de desesperança que nos entram todos os dias pela casa dentro. O futuro é vosso. Lutem por ele!
   ACREDITA MESMO QUE “…QUE O AMOR É CEGO, DEFORMA TUDO A SEU JEITO…”
É verdade que há casos em que o amor cega. Mas acredito mais que “… o amor descobre o lado melhor do que parece defeito…”
TOMÁS GARRIDO - 8ºA


Comentários
Por António Grifo (Professor), em 2013/02/07
Parabéns, Tomás, por teres trabalhado as tuas perguntas para "sacares" ótimas respostas à tua entrevistada, Manuela Azevedo.

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