NLinhas
Jornal Online do Colégio Rainha Dona Leonor
Pesquisa

Qual será o próximo país a pedir ajuda externa? I
Por Tânia Galeão (Professora), em 2013/05/22495 leram | 0 comentários | 138 gostam
A crise na zona euro ficou instalada depois de cinco, dos dezassete membros, terem pedido ajuda externa. Qual será o próximo país a pedir resgate financeiro?
São diárias e estão constantemente em actualização as notícias referentes à crise da zona euro. Umas positivas afirmam que "O pior da crise da zona euro já passou" dizia o “Dinheiro Vivo” no fim de 2012 ou “a zona euro vai superar a crise actual das dívidas soberanas até 2014” disse, em 2011, O líder do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, Klaus Regling. No entanto, outras notícias mais recentes referem que “A recessão nos países que integram a zona do euro será ainda mais profunda neste ano (2013) do que o esperado” ou que “Segundo a líder alemã, Angela Merkel, as reformas que estão sendo implementadas só produzirão resultados no longo prazo” e, portanto, levará anos para que a zona do euro supere a actual crise da dívida. Não havendo, desta forma, um consenso entre notícias.
 A crise financeira mundial de 2008 deixou graves sequelas na União Europeia. Vários países da zona euro viram as contas públicas dos seus países a entraram em colapso com o aumento do endividamento, do déficit público e o aumento exagerado da taxa de desemprego. Segundo o professor de economia Mário Marques da Cruz, “O desequilíbrio das contas públicas advém da ideia dos decisores de que o cofre do estado é um poço “sem fundo”, que pagaria funcionalismo público supérfluo e ocioso”.
A crise na zona euro ficou instalada após cinco dos dezassete membros pedirem ajuda externa. No entanto, de acordo com o ex-ministro das finanças Teixeira dos Santos, esta não é uma crise apenas dos países que se viriam obrigados a pedir ajuda, mas sim uma crise da moeda única europeia – o euro.
O histórico dos pedidos de resgate remonta há cerca de três anos, quando a Grécia pediu ajuda pela primeira vez, em Maio de 2010. Seguiu-se a Irlanda, em Novembro do mesmo ano e Portugal, pela terceira vez em trinta anos, em Abril de 2011. “Portugal é "de certeza" o último país a ser ajudado” disse a ministra espanhola à entrada da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro em Abril de 2011. No entanto, em Junho de 2012 foram dois os países a pedir ajuda externa: Espanha e o Chipre. Em todos os casos, como exemplificado no caso da Espanha, o pedido de ajuda só foi feito depois de as autoridades nacionais insistirem durante meses que não necessitavam de qualquer ajuda.
Com estes pedidos de ajuda externa, vieram também pacotes de medidas de austeridade para os países da zona euro que, segundo o professor de economia Mário Marques da Cruz, “estão erradas” porque “quando a economia arrefece pela baixa de procura interna, é a vez das medidas de contraciclo” serem aplicadas. Como são exemplos: “a facilitação do acesso ao crédito (pelo menos para o investimento), a criação de emprego, o aumento de velocidade de circulação da moeda, o domínio correcto das taxas de juro e da inflação, medidas fiscais condizentes com o propósito da reanimação da economia”.
 “Todos os países passarão um “mau bocado”. Se se definham as procuras internas dos países, também enfraquecem as procuras externas (exportações) e o efeito dominó é, de facto, a resultante lógica. As economias estão cada vez mais interdependentes, é notório” referiu o professor Mário, depois de perguntado se haverá mais algum país na eminência do pedido de ajuda. Referiu ainda que “a Europa inteira tem acumulado factores nocivos ao desenvolvimento económico” e que, com algumas medidas vão “distorcendo a economia”.
A crise não gerou só efeitos adversos nas economias dos países que pediram resgate financeiro, outros países do Eurogrupo também foram afectados tendo havido um impacto político significativo na governação em 8 dos 17 países da zona euro, levando a mudanças de poder não só Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha, como também na Eslovénia, Eslováquia e Países Baixos.
 Houve 13 países da zona euro que fecharam o ano de 2012 com um défice acima dos 3% (o limite estabelecido no Pacto de Estabilidade e Crescimento). Os cinco países com défice mais elevado em percentagem do PIB são os países que estão sob intervenção externa e, portanto, Espanha (10,6%), Grécia (10%), Irlanda (7,6%), Portugal (6,4%) e Chipre (6,3%). Após estes cinco países seguiu-se a França (4,8%), a Eslováquia (4,3%), a Holanda (4,1%), a Dinamarca e a Eslovénia (ambas com um défice de 4%), a Bélgica (3,9%), Malta (3,3%) e Itália (3%). Desta forma, apenas quatro países tiveram o défice inferior a 3% (Estónia, Bulgária, Luxemburgo e Alemanha).
Pela análise destes dados seria de esperar que o próximo país a precisar de ajuda externa viessem a ser ou a França ou a Eslováquia. No entanto, a imprensa revela que são outros os países a cair no “efeito dominó”, referindo a Itália, a Bélgica e a Eslovénia. A maior gestora mundial de obrigações, Pimco, previu, em 2010, que a Espanha viria recorrer à ajuda financeira dos seus parceiros europeus e tal sucedeu. A mesma apontou para Itália e Bélgica. Contudo, o ex-primeiro-ministro italiano Mario Monti afirmou que "A Itália não precisa, nem vai precisar, da ajuda do Fundo de Apoio da zona euro". Estas declarações do antigo comissário europeu surgem depois de algumas declarações, como a da Pimco, que apontam para a necessidade italiana de ajuda. Monti já tinha considerado "totalmente desadequados" os comentários da ministra austríaca das Finanças, que admitira a possibilidade de a Itália vir a ter necessidade de ajuda. Como seria de esperar, também a Bélgica negou qualquer pedido de resgate financeiro. O primeiro-ministro belga, Yves Leterme, considerou que seria «irracional» a Bélgica solicitar ajuda ao Fundo Europeu de Estabilização .
A banca eslovena está sob pressão e os receios em torno de um resgate ao país têm vindo a crescer. Os três principais bancos, que poderão precisar de injecções de capital, são já detidos pelo Estado, acrescentou o Financial Times, que descreve a situação como preocupante nomeadamente pelo aumento do número de empréstimos em incumprimento, uma evolução adensada pela recessão económica no país. O ministro das Finanças deste mesmo país, Uros Cufer, justifica o estado da economia do país dizendo que este não fez o seu trabalho de casa nos últimos quatro anos. Ainda assim, tal como os outros países que pediram ajuda externa, assume que "A situação [de pressão financeira e de rumores que apontam o país como o sexto europeu a ter de pedir ajuda externa] não é tão crítica que obrigue a Eslovénia a tomar medidas 'no calor do momento' só para mostrar que está a fazer alguma coisa". Apesar destas afirmações, a primeira-ministra eslovena, Alenka Bratusek, avançou com um pacote de medidas que tem como objectivo reequilibrar as contas públicas. O pacote de medidas inclui aumento de impostos e uma “taxa de crise” sobre salários. As estimativas do Executivo apontam para que o défice orçamental aumente de 4% para 7,8%, em 2013. A banca eslovena precisa de cerca de 900 milhões de euros até Julho, de acordo com dados revelados recentemente.
Assim sendo, são três os países possíveis de pedir ajuda externa Eslovénia, Itália e a Bélgica. Sendo a Eslovénia como o mais provável pelos motivos acima referidos.

Catarina Silvestre, Dianna Scalzer.


Comentários

Escreva o seu Comentário