Nuno Júdice, numa relação com os adjetivos | |
Por Medialetra (Professor), em 2013/11/11 | 460 leram | 0 comentários | 119 gostam |
Num tom informal e leve, Nuno Júdice discorre poeticamente sobre a importância da presença dos adjetivos em qualquer discurso ou texto | |
Quando pego num cesto de adjetivos escolho os maiores, que são os superlativos; e deles ainda o maior, que é o aumentativo. Depois, começo a descascá-lo com a faca do advérbio, até ele ficar restritivo, e caber na frase, onde se cola ao substantivo para lhe dar um caráter notável, a distingui-lo de todos os outros que não passam de comuns e gerais. Gosto destes adjetivos que quase passam por substantivos, e se passeiam por entre os nomes como se eles precisassem deles. São os adjetivos certos porque não dão nem tiram nada ao substantivo, nem aspiram a ser explicativos de nada, como se já soubéssemos tudo sobre a coisa. Porém, se cortarmos o adjectivo, e o substantivo ficar tão simples, que cai desamparado, como o pobre a quem roubam as muletas, logo digo: «Oh, pobre homem!» e o homem corrige: «Oh homem pobre!» e fico sem saber qual dos dois é ele, enquanto não volto a meter tudo no cesto, e faço do homem um simples substantivo, coberto com o substantivo simples. | |
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