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| David | |
| Por Medialetra (Professor), em 2014/06/09 | 470 leram |  0 comentários |  151 gostam |
| Uma crónica, uma vida... Um original de Luís Carvalho (11º B) | |
 Aos 5 anos de Idade, David fora inscrito num daqueles sítios onde os pais deixam os filhotes, ainda prematuros e desorientados. Certos pais fazem-no porque podem, outros porque o patrão carrancudo manda. David foi para o infantário porque seria bom para ele. Mais tarde entrou para a escola, onde, mesmo antes de saber quem era, foi ensinado a escrever e a contar, tudo nobres propósitos. Tiraram-lhe a inocência, tiraram-lhe o tempo de ser criança. David nunca foi grande criança. Passaram-se 12 anos. David estudou, David cresceu, David tornou-se num bom aluno, reto e com aparente norte… mas David também se apaixonou uma ou outra vez, naquelas impetuosas pontadas repentinas de paixão, piegas e estúpidas, porém nobres e, ao mesmo tempo, sinceras. Era um rapaz em quem os pais tinham orgulho. Por dentro corroía-se, nunca era suficiente à sua lente, faltou-lhe a força e a motivação, confidenciou-me ele à entrada do hospital. Acabado o 12º ano, David era um rapaz de riso triste, filho de uma mãe histérica e de um pai com má sorte. Aos 55 anos David é, agora, um homem fechado em si, não tem aliança no dedo, deve ser divorciado, deixara de acreditar nessas formalidades - disse-me já deitado na maca - resta-lhe a irmã, que ele adora com todo o seu coração, o filho, que ele ama acima de tudo na sua pobre vida, e os poucos e verdadeiros amigos que ele não foi capaz de afugentar. Se os bebés choram por verem a miséria do lugar onde vem aterrar, David chora pelo buraco da fechadura da jaula que é o seu próprio intelecto, e isto na véspera do seu aniversário. David está mais sozinho do que nunca, David talvez se tenha perdido a si mesmo. Tratamento… 3 gotas de amor e 7 de esperança. | |
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