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Aristides, o Cônsul Desobediente
Por Biblioteca Escolar (Leitora do Jornal), em 2014/03/31525 leram | 0 comentários | 101 gostam
Foi na noite passada (24 de Junho de 1940) que Aristides de Sousa Mendes, actual cônsul de Portugal em Bordéus, França, recebeu o telegrama expedido de Portugal no dia 22 deste mês pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Este proibiu-o de conceder vistos ou passaportes a qualquer pessoa, ficando estes a cargo do cônsul Bayonne, uma vez que este quebrou as ordens vindas de Portugal.
Já tendo sido avisado de que não podia fazê-lo, o cônsul, perante o desespero de milhares de pessoas que, temendo a sua própria vida lhe vêem pedir ajuda, decidiu passar vistos a todos os que o viessem pedir. Cometendo estes actos, Aristides quebra a Circular 14, a qual o proíbe de conceder vistos consulares sem prévia consulta do Ministério, aos estrangeiros de nacionalidade indefinida, aos apátridas, aos portadores de passaportes Nansen (documento de identificação pessoal emitido a refugiados apátridas), aos judeus expulsos dos países da sua nacionalidade ou de onde provêm e aos russos.
Aristides ainda não manifestou a sua decisão de continuar contra a lei ou de obedecer às ordens de Salazar. Mesmo que não continue, é bastante provável que venha a ter graves consequências, tal como a perda do seu posto de trabalho.

Hugo Faustino. O Século, Lisboa, 24 de Junho de 1940.


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