Estudantes realizam ato contra corte de verbas | |
Por Lucas Oliveira (Aluno, 4AADM), em 2019/05/07 | 705 leram | ![]() ![]() |
A forte mobilização protestou contra o corte de 30% das verbas que afeta diretamente a vida acadêmica dos estudantes. | |
Após a forte repercussão do corte de 30% das verbas da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal da Bahia (Ufba) e da Universidade de Brasília (UnB), o Ministério da Educação anunciou, na noite de terça-feira (30), que essa medida valeria para todas as universidades e institutos federais. Como forma de resposta, estudantes do CEFET, IFRJ e Pedro II uniram-se num ato ocorrido na manhã de segunda-feira (06) em protesto à essa medida inconstitucional e ao presidente Jair Bolsonaro. Ao som de "Não vai ter corte, vai ter luta", os estudantes lutaram por seus direitos e criticaram os planos e ações do presidente na educação. Caso a medida persista, diversas instituições, dentre elas o próprio CEFET, já anunciaram que não será possível continuar suas atividades até o final do ano, visto que não terão a verba necessária para pagar contas básicas como água, luz e terceirizados. Como anunciado no numa nota oficial lançada na sexta-feira (03) na página oficial do CEFET, com o corte orçamentário não será possível finalizar o ano letivo. Leia, a seguir, uma entrevista realizada com 4 estudantes do CEFET e IFRJ. 1 - De que forma o corte orçamentário vai afetar sua vida acadêmica? Felipe, 4° ano do Técnico em Administração - "Falta de bolsas, corte no orçamento de infraestrutura e possível fechamento da instituição. Não me faltam motivos pra perceber como isso irá afetar minha vida diretamente. O desejo de continuar meus projetos de pesquisa e finalmente me formar podem se tornar sonhos distantes." Maria, 6° período do Técnico em Química (IFRJ) - "Bom, o corte de aproximadamente 16 milhões de reais vai afetar não somente a já precária manutenção da estrutura do IFRJ Maracanã, como também todas as pesquisas acadêmicas que envolvem tanto iniciação científica quanto projetos de extensão que, apesar do que é dito pelo ministro, acarretam descobertas que influenciam diretamente a sociedade. Além disso, a ajuda financeira que é dada para determinados projetos quando estes conseguem credenciamento, pelo seu trabalho, tanto para feiras nacionais quanto internacionais pode ser prejudicada." Aluna não-identificada, 4° ano do CEFET - "O corte orçamentário é tamanho que tanto compromete o funcionamento das instituições quanto a produção do conhecimento dentro das mesmas, já que atividades de extensão e iniciação científica serão severamente prejudicadas. Isso é um pesadelo para qualquer estudante, que ambiciona conhecimento e que busca com ele construir um mundo melhor." Ana Luísa, 1° período de LEANI - "Como estudante de um dos cursos de graduação do CEFET/RJ, o corte das verbas pode impedir a finalização do ano letivo fazendo com que eu não complete o meu 2° periodo." 2 - Você concorda com a afirmação de que o seu instituto não produza conhecimento científico? Felipe - "Em minha experiência de 4 anos de ensino médio, eu pude fazer parte de 3 projetos de pesquisa diferentes, participar de diversas atividades educacionais extracurriculares, além de poder acompanhar grandes projetos sendo feitos na graduação, mestrado e doutorado. Afirmo isso com minha própria experiência, sem contar com dados de diversas pesquisas sérias afirmando que o Brasil é um dos países de maior produção cientifica no mundo." Maria - "Não, os institutos federais estão a todo momento produzindo pesquisa e conhecimento que podem ser utilizados e disseminados pela sociedade. Acho que o que nos falta é um meio de comunicação de conseguir expor a todos as pesquisas, descobertas, enfim, tudo que é feito por nós, alunos. Apesar de produzirmos tanta coisa, a comunicação do que é feito para a população ainda não é eficiente." Aluna não-identificada - "Definitivamente não. Basta olhar nos corredores e nos laboratórios e dentro deles você poderá ver estudantes e docentes atuando em conjunto, trabalhando, produzindo ciência e conhecimento." Ana Luísa - "Não, porque o que eu mais vejo é justamente a produção de conhecimento. As instituições federais são extremamente importantes para a propagação do conhecimento nas mais diversas camadas, e com o corte, infelizmente isso não seria possível." 2.1 - Você concorda com a afirmação de que um instituto secular e tão tradicional como o CPII seja um local de "balbúrdia"? Ana Luísa - "Como ex estudante do Pedro II, discordo totalmente dessa Afirmação. As oportunidades que tive nesse colégio não se comparam a nenhuma outra. Tive a oportunidade de fazer um curso de espanhol, totalmente de graça e com possibilidade de intercâmbio para a Argentina, além de uma iniciação científica a qual fui bolsista, onde criamos uma caneta de quadro branco feita com beterraba, para substituir as atuais. Se isso for 'balbúrdia', acho que ela tem que continuar." 3 - Você tem algum comentário a fazer em relação a esses cortes? Felipe - "Os cortes na educação são inconstitucionais, há um teto que não pode ser passado e não há crise existente que permite tal ação de nosso governo, isso apenas serve como tentativa de domesticar nosso povo, nos tornando ignorantes e portanto dóceis para decisões como essa. Mas eles vão perceber que isso não será tão fácil como esperavam." Maria - "Não vai ter corte, vai ter luta!" Ana Luísa - "É triste ver os cortes onde o governo mais deveria investir que é a educação. Sem ela o país não vai pra frente e estaremos caminhando para a mediocridade." | |
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