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| Mãe sem livro de instruções | |
| Por Regina Teixeira (Professora), em 2013/05/07 | 560 leram |  0 comentários |  161 gostam |
| Um poema que se partilha... | |
| Existe algo mais estranho do ser que mãe? Mãe é uma alma contraditória. É alegria no choro. É carinho na raiva. É o sim no não. Só mesmo a mãe para ser sempre oposto... E depois o contrário de novo. Talvez seja porque o filho não traz um manual de instruções E a mãe usa só a intuição e consegue fazer tudo da forma correcta. Mas como pode ser assim, tão incoerente? Dizia: Filha, coma tudo que está no prato… E logo se contradizia: Que pensarão as pessoas se te virem a comer demais? Diz que não te apetece! Depois lamentava-se: Vais ver quando cresceres como é fazer tudo! Mas logo se arrependia: Deixa que eu faço, ainda és uma criança... E quando ela mandava: Tira essa roupa toda, menina! E logo em seguida: Veste o casaco, queres ficar constipada? Essa menina dorme demais... Deixa acordar… Essa menina não descansa... Porque não dormes? Essa menina vive na rua!... Filha, sai um pouquinho, vai apanhar sol... Essa pessoa é assim mesmo: Igual e diferente de tudo o que já vi. É a fortaleza que aguenta todos os males, só para não ver a filha chorar. É o sorriso de orgulho escondido, só para não se revelar. Mãe cansa muito. E às vezes tira-me do sério... Até que um dia se se for embora, Vai deixar um vazio enorme, escuro, silencioso. E aí vou descobrir (ter a certeza) Que, mesmo errando, ela sabia de tudo, desde o início. E fez de tudo para acertar. E, hoje que não tenho o privilégio de abraçar a minha mãe Porque vim para longe, porque errei e fiquei muito sozinha Vou agradecer cada minuto que posso ter Para ouvir a tua voz Para te ralhar porque pensas que tens os meus cinquenta anos Para te agradecer não teres lido o manual de instruções E continuares com o olhar atento, Querendo entender como funciono E fazendo de tudo para eu não falhar. | |
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