UMA SENSAÇÃO BOA NO PEITO | |
Por Paula Costa (Professora), em 2016/11/15 | 574 leram | 0 comentários | 151 gostam |
Sento-me numa das cadeiras da cozinha para tomar o pequeno-almoço. Tenho que me despachar, se não chego atrasado à escola. | |
Visto-me com uma roupa toda janota, lavo os meus dentes e saio de casa. Está-me a faltar qualquer coisa. Volto para dentro e dou um beijinho e um abraço aos meus pais (acho que agora não me esqueci de nada). Passado algum tempo, chego à paragem de autocarro, à beira de uma “santinha”, onde às vezes as pessoas param só para olhar para ela. É só uma estátua, mas o que terá de tão especial? Chega o autocarro, e, após uma fila enorme para entrar, eis que chega a minha vez. Digo “bom dia!” e nem uma resposta obtenho. Se calhar é do mau humor. Farto de estar ali dentro e me sentir asfixiado pelo mau odor, finalmente saio. Estou contente, pois hoje é o dia em que vamos ter 100 minutos de educação física (e também por estar a respirar oxigénio). Vou a caminho da escola e vejo um senhor sentado no passeio a tentar falar com as pessoas que por ali passam, mas ninguém quer saber dele. É verdade que cheira mal e tem um aspeto um pouco fora do normal, mas ele é um ser humano como qualquer um. Parece estar com fome, acho que lhe vou comprar um croissant e um leite com chocolate. Chego à beira dele e dou-lhe o que comprei com o dinheiro para carregar o meu cartão. Ele fica tão contente que se levanta para me abraçar. Não me sinto assim há muito tempo. Fico sentado à beira dele até às 8h 18. Ups! São 8h 20, tenho de me despachar para ir para as aulas. Despeço-me do senhor e vou para a sala a correr. A partir daí é como nos outros dias, exceto uma coisa: hoje tenho uma sensação muito boa no meu peito. Raúl Oliveira, 9ºD | |
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