A Semente
Jornal do Agrupamento de Escolas Dr Flávio Gonçalv
Pesquisa

UM ANO EM LONDRES
Por Paula Costa (Professora), em 2015/03/05610 leram | 0 comentários | 209 gostam
Com este texto, a Maria João foi selecionada para as Olimpíadas da Escrita, na respetiva faixa etária.
Num dia de grande tempestade, estava eu sentada no aeroporto à espera de que o tempo acalmasse e me deixasse voar até à cidade onde queria concretizar os meus sonhos – Londres. Neste lugar, queria poder dançar até o meu coração parar de bater, até não ter mais forças para me aguentar em pé.
“Finalmente! – pensava eu – a tempestade parou!”
Respirei fundo e suspirei. Peguei nas malas e dirigi-me até ao terminal de partida, sentindo cada vez mais o meu sonho tornar-se realidade. A cada passo que dava, sentia que Londres estava mais perto de mim e que o mundo se preparava para a minha chegada à capital britânica.
Sentei-me no avião e olhei para o meu lado esquerdo, e depois para o direito, para me certificar de que não estava sentada à beira de alguém estranho. Mas não. Tratava-se de duas pessoas que, pelo que aparentavam, eram bailarinos com o mesmo sonho que eu. Durante o voo, conversámos como se fôssemos amigos desde sempre.
“Boa! Não vou sozinha para Londres! Ainda bem que encontrei amigos que me podem ajudar a enfrentar os meus medos naquela grande cidade! – pensava para comigo.”
E, depois de aterrar, diante dos meus olhos estava a gloriosa e esplêndida Londres com os seus monumentos imponentes e a sua arquitetura magnífica. Desse pensamento surgiu um “Wow!” em uníssono de mim, da Catarina e do Will, os amigos que tinha feito na viagem.
Mal chegámos ao hotel, onde ficamos uma semana para nos organizarmos, (mais tarde, alugamos uma casa) decidimos ir descobrir a capital. Nem nos preocupamos em arrumar as malas, pois estávamos tão emocionados com o que nos estava a acontecer.
Londres, ao vivo, ainda parecia mais perfeita do que as 1001 fotos que vi na internet. Visitamos desde o Buckingham Palace até à British Tower e ainda o Madame Tussauds, o famoso museu com bonecos em tamanho real de inúmeros famosos.
Após aquele longo dia a sermos constantemente surpreendidos pelas maravilhas da cidade da dança, jantamos no McDonald’s e dirigimo-nos ao hotel para ter uma longa noite de sono, porque no dia seguinte seria a audição para entrar na prestigiada escola de ballet “The Royal Academy of Ballet”.
Era a manhã da audição. Chegamos à escola e assistimos aquela grande confusão de bailarinos a prepararem-se para a que seria a audição da vida deles. À medida que nos aproximávamos do estúdio, os nervos aumentavam e tentavam apoderar-se de nós, como se estivéssemos a dançar pela primeira vez na vida.
Acabada a audição, só nos faltava saber os resultados. Como podem esperar, eu passei e entrei na escola tal como os meus amigos.
No dia seguinte, foi o primeiro dia de aulas. Chegamos à sala onde era a aula de ballet clássico, a primeira aula da manhã. A minha professora era-me familiar. Eu conhecia-a de algum lado fora de Londres. Eu sabia que sim, mas não conseguia lembrar-me até que ela disse o seu nome.
-Olá! Eu sou a Sofia Araújo, a vossa professora de ballet clássico.
Não havia dúvida, fora a minha pior professora de ballet quando era pequena. Nos tempos da minha infância, sempre que tinha oportunidade para me deitar abaixo, fazia-o sem dó nem piedade. Nas palavras dela, via o meu pior pesadelo tornar-se realidade, ser aluna dela durante um ano inteiro.
E assim foi. Mas o pior ainda estava para vir, quando conheci a mimada e convencida Ashley Williams, Ela menosprezava-me todos os dias. Eu bem que podia fazer o possível e o impossível para a parar, mas não conseguia, ela tinha de ganhar sempre. Até um dia.
Nesse dia, fui chamada à direção da escola com uma queixa de que roubei o telemóvel à Ashley. Acusaram-me injustamente e ainda por cima sem provas! Era inadmissível! Acusam-me sem provas? Pensam que ficam por cima, mas não. Revistaram a minha mochila e encontraram o telemóvel. Mas eu exigi ver as gravações do balneário daquele dia e encontraram a Ashley a colocar o telemóvel dela na minha mochila.
Após a direção deliberar (demoraram uma semana!), exigiram que Ashley não pensasse em ir à escola no dia seguinte, pois estava expulsa. Adorei ver a cara dela. Foi bem merecido (mas um bocado exagerado)!
Quanto a mim, consegui acabar o curso de três anos naquela escola, e hoje trabalho na maior companhia de ballet do Reino Unido “The Royal Ballet” (que é da mesma empresa da escola). Relativamente à professora Sofia, nos dias de hoje, continua a ensinar alunas na academia britânica.

Maria João Carvalho, 7ºB.


Comentários

Escreva o seu Comentário
 




Top Artigos: Amor de Mãe