CRÓNICA | |
Por Paula Costa (Professora), em 2018/11/26 | 707 leram | 0 comentários | 130 gostam |
A professora Albina Macedo enviou-nos este trabalho de uma aluna do 9º ano, referente ao estilo literário “Crónica”, incluído no programa da disciplina de Português. | |
Cresci encurralada pelo mar. Era inevitável. Quando se cresce numa tartaruga flutuante, não há muito por onde fugir. Para alguns chega a ser sufocante. As mesmas rotinas, as mesmas pessoas, os mesmos edifícios e as mesmas fronteiras, sem lugar para escaparem. Para outros (a minoria e eu), é libertador. Viver num mundo completamente diferente e igual, conhecer a nossa casa como a palma da mão é aconchegante. Viver no oceano é de certa forma relaxante. Poder navegar de encontro às ilhas vizinhas em menos de 24 horas e saber que quando voltar as pessoas vão continuar na sua rotina quotidiana. Saber que quando voltar vou receber o "Bom dia“ quase mudo do porteiro da Manuel de Arriaga. Saber que reconhecer a nossa terra nunca será um problema. Até ao dia em que já não lá estamos. Ainda me lembro do arco-íris reluzente que se escondia timidamente nas nuvens quase cinzas. Naquele dia frio de setembro, acordei nervosa, muito nervosa. Penso que não estava preparada para deixar a minha tartaruga terrestre. Ou talvez estivesse assustada, com medo de atravessar os ares do norte Atlântico. Com medo do futuro. Hoje, sei que não precisava de ter medo. Na verdade, o medo é algo muito subjetivo. Talvez eu não tivesse medo do que deixaria para trás, medo da saudade que me iria atormentar. Talvez só tivesse medo de voar e da senhora plástica que me oferece sempre um copo de água. Ou talvez não. Se calhar eu só tinha medo de seguir o arco-íris numa nova direção. Luana Sátia, 9ºE | |
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