CRÓNICA | |
Por Paula Costa (Professora), em 2015/10/20 | 556 leram | 0 comentários | 205 gostam |
Sento-me no sofá. Ligo a televisão. Abre no telejornal. Uma menina muito bonita com um sorriso forçado, oficializa a abertura da redação. No rodapé, anuncia quase tudo sobre a campanha eleitoral, sobre economia…sobre os refugiados… | |
Confesso que estive tentada a mudar de canal. Política e economia não são definitivamente uma preferência. Lá tive que aguentar com debates, comícios, campanhas, tudo para caçar o maior número de votos possíveis. Depois de quase uma hora de espera, lá veio a tão atraente notícia. Uma mulher, jornalista por sinal, encontrava-se na Hungria a filmar, provavelmente, os “refugiados”. Não gosto de chamar a estes homens, mulheres e crianças de refugiados. Parece até que não são feitos do mesmo “material” que nós. Talvez tenha sido isto, o que aquela jornalista pensou … Tudo decorrera num campo enorme, do género das pradarias americanas, aquelas que aparecem nos filmes. Não era tão verde nem tinha tantos animais deitados ao sol, ou a ruminarem o máximo de erva possível. Todavia, quer os animais americanos quer os “homens” da Hungria corriam. Corriam o mais que podiam e conseguiam. Foi nesta corrida desesperada e sofrida, que de entre milhares de pés, um esticara-se demasiado, e fizera cair um homem com uma criança, provavelmente seu filho, ao colo. Se aquele câmara, tivesse filmado somente os pés, diríamos que fora um ato inconsequente. A dona daquele pé certamente também não pensava estar a ser filmada. Também não ter visto tudo aquilo. Às vezes gostava de ser, de certa forma, cega. Gostava de não saber quem sou, a que tipo de “animal” pertenço … Gostava de viver na minha utopia, no meu mundo. Gostava de poder ficar indiferente ao que vejo… Marta Vagaroso Correia, 9ºE | |
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