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A TRAGÉDIA DE UM PESCADOR
Por Paula Costa (Professora), em 2015/02/16856 leram | 0 comentários | 227 gostam
Era a época da pesca da sardinha, acordavam todos os dias às seis horas da manhã cerca de cem pescadores que embarcavam.
As mulheres bordavam, à espera dos seus heróis. Vasco tinha uma vida assim, enfrentava tempestades, sempre sobrevivendo. Mas desta vez não!
Na Póvoa de Varzim, onde vivia, acordou às cinco da manhã vestiu a camisola tradicional poveira feita pela esposa, comeu uma rabanada cá da terra e dirigiu-se para o Atlântico. Estavam reunidos cerca de cento e cinquenta pescadores prontos a embarcar.
Já no alto mar, surgiu a tragédia! Estavam perdidos e como estava a escurecer, tiveram que passar a noite no mar. Foi então que aconteceu o pior. Apareceram ondas gigantes, chuvas e trovões. Dentro do barco ficou uma balbúrdia total! Mas, Vasco pegou no terço que trazia sempre consigo e foi para um canto rezar. O mesmo fazia a sua mulher, em casa, para que nada de mal acontecesse ao marido. Especialmente porque tinham um filho para criar, o João, de cinco anos.
A noite ainda ia durar, uns atiraram-se para a água, outros permaneceram no barco escondidos e o patrão e alguns companheiros foram para o barco salva-vidas. Como Vasco continuava a rezar não viu os companheiros a abandonarem o barco.
De repente, zás! A chuva parou e um trovão acertou no barco. Foi aí que Vasco se atirou para o mar. Nadou, nadou, nadou, até não conseguir mais!...
Em terra, a mulher de Vasco já tinha acordado e estava na praia a apanhar sargaço para depois vendê-lo. Aí ouviu-se:
-Ali-riba! Ali-riba!
Maria, a esposa de Vasco, pegou no seu filho e foi para o porto ver se o “Maria da Paz”, nome dado ao barco, tinha chegado.
-Pai! Onde é que estás? Pai! Paaaaaaaii!. Gritava João.
Começaram a cair lágrimas dos olhos de Maria. A notícia da tragédia tinha chegado! Maria, ainda tinha esperança, mas era quase impossível o mar devolver-lhe o seu Vasco, ainda vivo.
Passou cerca de um mês e Vasco ainda continuava desaparecido. Até que numa bela manhã de domingo, Rui um dos pescadores sobrevivente encontra-o, enquanto passeava à beira mar.
O funeral foi na Igreja da Lapa, foi um dia negro! A partir daí todos os domingos, Maria ia com João passear pela Avenida dos Banhos, também conhecida como o “Picadeiro”, onde tantas vezes passeou com o seu Vasco, recordando sempre o seu grande sorriso.
Esta tragédia foi mais uma entre muitas daquelas em que o mar levou vários pescadores poveiros.

Margarida Finisterra Freitas, 5ºH


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