A MORTE É UMA MULHER ESQUÁLIDA | |
Por Paula Costa (Professora), em 2016/03/16 | 392 leram | 0 comentários | 142 gostam |
A morte é uma mulher esquálida, toda vestida de negro que surge na vida das pessoas sem anúncio prévio. | |
É uma visita mais ou menos inesperada e que não é bem recebida. Ela ousa entrar em nossa casa, em nossas vidas, agora e sempre. Contudo, em situação de doença que não tem cura em que o sofrimento persiste, a morte estende os seus magros braços mas possantes e leva a pessoa doente consigo. Apesar da tristeza, da dor, da mágoa profunda que deixa atrás de si, as pessoas, familiares e amigos do ente que ela leva consigo, acabam por aceitar a sua partida. Terá sido o caso de Umberto Eco que adormeceu permanentemente para a vida. Como sua leitora, choro a sua partida pois não o terei mais a ler-me “O Nome da Rosa”, “Baudolino”, etc. Mas, ainda que lamentando, aceito a sua partida porque é a lei da vida. Todavia na mesma semana do desaparecimento físico deste conceituado autor, também houve a notícia, trágica notícia, de que a morte roubou a vida a três crianças de dezanove meses, três e cinco anos, respetivamente. Não as conhecia mas também choro a sua partida. Não aceito a irresponsabilidade dos pais, num dos casos, e das entidades alertadas, a meu ver, atempadamente e que nada fizeram para proteger aquelas duas inocentes meninas que morreram afogadas. Parece-me muito urgente a necessidade de mudança de atitudes por parte de todos, da sociedade em geral, na presença de violência doméstica e/ou doença (talvez mental) de alguém, seja homem ou mulher, que tem a cargo crianças. Acho lamentável que as entidades públicas conhecedoras do caso e os familiares daquelas duas crianças se tenham demitido ou demorado tanto a atuar. Se fossem diligentes, aquelas meninas poderiam andar por aí radiantes a brincar. A vida é uma caixinha de bombons cujo recheio nem sempre é saboroso. Às vezes é tão amargo que nada o faz desaparecer. Marta Oliveira Santos | |
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