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À DESCOBERTA DA PÓVOA
Por Paula Costa (Professora), em 2015/02/161014 leram | 0 comentários | 241 gostam
Era uma vez uma cidade com cheirinho a mar…
Era uma vez a Póvoa de Varzim.
Numa bela manhã de verão, em tempo de festas, férias e praia, um empresário inglês, chamado Erick, chegou à nossa querida cidade, para tratar dos negócios da sua empresa. Trouxe com ele as suas duas filhas gémeas, Sophie e Sarah. Os três arrendaram um apartamento no Passeio Alegre, em frente à estátua do Cego do Maio.
Ao passar pelas ruas, viram tudo enfeitado e Sarah, curiosa, perguntou:
- Papá, porque é que as ruas estão todas enfeitadas? É natal, aqui?
O pai respondeu-lhe com ar risonho:
- Não, não é natal! São as festas de S. Pedro.
- Uau! Que fixe! E quando é que vão acontecer? – perguntou Sophie.
- Esta festa irá realizar-se amanhã à noite. E, se vocês estiverem interessadas, poderemos assistir.
- Sim, sim! Gritaram as meninas em coro!
De repente, ouviu-se um ruído estranho BRRRR!!!
- Ups! – exclamou Sarah – Parece que a minha barriga está a dar horas.
- Pois, é a hora de almoçar. Vamos procurar um restaurante – disse Erick.
Começaram a passear à beira-mar, até que Sophie falou entusiasmada:
- Que fixe! Um edifício cor de rosa. Se fosse mais pequeno, servia de casa para as minhas bonecas. Chama-se Diana Bar! O que será?
Continuaram a caminhar e acabaram por entrar num restaurante, de onde vinha um aroma bastante agradável. Sentaram-se numa mesa e o empregado trouxe o cardápio. Entretanto, as meninas foram à casa de banho e Erick ficou numa amena cavaqueira com o funcionário sobre o prato típico. Este informou-o de que a pescada poveira era uma delícia, mas os mais jovens adoravam as francesinhas daquele café. Mas, como era o aniversário da casa, tinham um menu original.
- Olhem meninas, hoje há uma ementa especial, porque se comemora o aniversário deste restaurante, o Guarda Sol – este café parece um velhinho com barbas brancas, pois existe há muitos anos, explicou o pai.
À sobremesa, o funcionário aconselhou umas rabanadas poveiras, que eram uma delícia, de chorar por mais.
Depois do belo repasto, as gémeas perguntaram:
- Pai, podemos ir brincar para a praia?
- Sim, mas não se afastem muito.
As duas raparigas dirigiram-se para o areal e sentaram-se lá a apreciar a paisagem. Passou por elas uma rapariga que as cumprimentou. Elas responderam no seu melhor português:
- Olá, quem és tu?
- Eu sou a Maria e vocês?
- Nós “sermos” a Sarah e a Sophie – esclareceu Sarah.
- Ah, são inglesas? – perguntou Maria.
- “Yes”. Quer dizer… Sim! - disse Sophie.
E Maria perguntou:
- Querem vir conhecer esta simpática cidade? Podem perguntar à vossa mãe se vos deixa vir?
Nesse momento, as gémeas trocaram olhares tristonhos e explicaram que a sua mãe tinha morrido há três anos.
- Oh, desculpem. Não fazia ideia. – disse Maria, e num sussurro revelou – o meu pai também faleceu por essa altura e …
- Vamos deixar-nos de tristezas e vamos perguntar ao nosso querido pai se podemos ir contigo – interrompeu Sarah.
As crianças dirigiram-se de novo ao Guarda Sol e regressaram minutos depois, para partirem à descoberta da Póvoa.
Maria resolveu levá-las, em primeiro lugar, à fortaleza de Nossa Senhora da Conceição. Sophie gostou imenso e não parava de pensar como as suas barbies se poderiam transformar nas amadas dos cavaleiros do castelo. Maria explicou que no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, havia ali uma festa, que tinha algo de muito castiço: a subida ao pau, em que várias pessoas tentavam subi-lo para alcançar um bacalhau. Só que esse facto era muito difícil, pois colocavam no poste um produto que o tornavam em escorregadio.
As raparigas deixaram-se levar pela conversa, mas, de repente, Maria olhou para o sol e gritou:
- Oh, meu Deus! Já deve ser tardíssimo! E eu ainda tenho que me preparar para a festa de logo à noite.
As três meninas levantaram-se a correr e foram ter com os seus pais.
À noite, a Sophie e a Sarah foram com o pai ver as festas de S. Pedro e qual não foi o seu espanto quando, lá no meio da confusão, viram a sua nova amiga Maria, acompanhada da sua mãe, junto da rusga do Norte.
Nesse momento, Conceição (mãe de Maria) e Erick trocaram olhares, mas ninguém reparou. Entretanto começou a ouvir-se música e as tricanas começaram a dançar ao som de:
- Olha o bairro Norte, como é belo
            amarelo e azul.
Olha o bairro Norte, como é lindo
vai sorrindo a cantar…
Sophie tentava acompanhar. enquanto o seu pai e a sua irmã só se riam. Naquele momento, Conceição subiu ao palco para dançar. Erick ficou como que preso à sua beleza.
- Pai! Pai! Papááááá!!! – Erick “voltou à terra” com os gritos das suas filhas.
- Sim, sim, sim?! – exclamou, embora um pouco atordoado.
As filhas riam-se da sua atitude.
Por fim, a dança terminou e a rusga do Norte abandonou o palco, para seguir para o bairro da Matriz, e no meio de toda aquela confusão a Maria e a Conceição tinham desaparecido
Tal como combinado, no dia seguinte, as gémeas retomaram a visita guiada por Maria à Póvoa. Juntas caminharam até ao Museu Municipal da Póvoa de Varzim. Lá viram várias tradições e jogos desta cidade.
À saída Sarah disse:
- Eu adorei aquela maquete do casamento poveiro. A do luto era muito triste. Estavam todos de preto!
Enquanto conversava, viu uma tabuleta que indicava o trajeto para a Igreja Matriz e questionou Maria sobre a mesma. Maria disse-lhe que era a igreja mais importante do local e, como estava relativamente perto, era conveniente observá-la. E lá foram as três…
- Uau! - exclamou Sarah, já dentro da igreja – É tão linda! Nunca tinha visto um altar feito de talha dourada.
Entretanto, longe dali, Erick e Conceição encontraram-se, por mero acaso, num café, à beira-mar, e Erick, não perdendo a oportunidade, apresentou-se. Conversaram animadamente como se se conhecessem há muito, muito tempo.
Como já estava a ficar tarde, resolveram regressar ao aconchego dos seus lares mas, antes disso combinaram o próximo encontro, que seria junto à estátua de um dos heróis da Póvoa – o Cego do Maio – pescador que se lançava contra a fúria do mar, para proteger os seus irmãos e camaradas da faina.
Ao acordarem, repararam que estava uma linda manhã, propícia para passear e descobrir mais sobre a Póvoa. Desta vez, foram até à marina ver a famosa Lancha Poveira. Maria explicou-lhes que esta lancha retratava os barcos que iam à pesca e que estes tinham sempre as siglas poveiras, que funcionavam como sistema de comunicação visual, usado pelas classes piscatórias, e que, ao recolherem as lanchas para a praia, se utilizava o grito Ala–Arriba. Com base nesta faina, José Leitão de Barros realizou um filme com esse nome.
Quando regressavam, viram um cachorrinho com a pata ferida e logo se dirigiram a ele. Repararam também que ele tinha um ar tristonho e um aspeto de abando pois estava muito mal tratado.
Maria gritou:
- É o Fredy! Como ele mudou!
- Quem é o Fredy? - perguntaram as gémeas em simultâneo.
- Era o cão do Sr. Sousa que faleceu há uns meses e o animal tem andado a vaguear por aí – explicou Maria.
- Quem me dera que este cãozinho tivesse um lar, encontrasse um novo dono, um amigo – disse Sophie.
 - Por falar em amigos, sabiam que a minha mãe tem um novo namorado?
- A sério!? O nosso pai também tem uma nova namorada… - disse Sarah.
- Será que…? - exclamaram as três.
- Não, eles nem sequer se conhecem! – afirmou Maria e imitando a voz de um general disse: -Agora, soldados, o nosso objetivo de vida será, daqui em diante, descobrir quem são os namorados secretos dos nossos pais!
- De acordo, capitão! – disseram as gémeas com ar risonho.
As gémeas convenceram o pai a ficar com o cachorrinho. As crianças continuaram as suas aventuras pela Póvoa. Foram-se conhecendo cada vez melhor e tornaram-se mais próximas. Assim os dias, as semanas e os meses foram passando, ou seja, tinha voado o tempo, pois as gémeas já estavam instaladas na Póvoa há um ano.
O mais importante, para além da amizade que se tinha estabelecido entre elas, é que os seus pais se tinham apaixonado. Todas estavam ansiosas pelo pedido de casamento. Quando aconteceria?
Sarah declarou:
- Logo à noite vamos dormir à tua casa. Estou entusiasmada.
Erick foi buscá-las à escola e levou-as a casa da Maria. Conceição abriu a porta e, nesse momento, Erick, de joelhos, pediu a sua amada em casamento.
Os dias que se seguiram foram dias de muita agitação. Por fim, chegou o grande dia. O casamento foi realizado com toda a pompa e circunstância. Todos se divertiram. Os noivos estavam felizes e a Maria, a Sophia e a Sarah foram as meninas das alianças.
Foi uma grande festa e a nova família continuou muito feliz nesta cidade com cheirinho a mar.

Joana Anjo, Francisca Leonor, Sara Pereira, 6ºJ

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