Promontório da Saudade | |
Por Eleutério Gouveia Sousa (Leitor do Jornal), em 2016/06/20 | 540 leram | 1 comentários | 120 gostam |
Saudades que ficam, saudades que se vão...Companhia eterna de emigrantes | |
Esteira de espuma O navio singrava rumo à América do Sul. A bordo, mais de 3000 passageiros, uma pequena cidade flutuante que se esparramava pelos conveses, corredores, beliches, piscinas, salas de jogos, refeitórios, cinema, etc. À popa, havia mesas de ping-pong onde se aglomeravam alguns passageiros disputando partidas animadíssimas. A monotonia da viagem era quebrada por alguma onda mais forte que balançava desmedidamente o enorme navio de cerca de 200 metros de comprimento. Na sua esteira, como que abrindo o mar em dois, um rastro de espuma branca estendia-se por entre as águas azul-esverdeadas que se confundiam com os matizes infinitos do fimamento. A princípio, o rastro prateado, espesso, leitoso, parecia não se desfazer. À medida que se distanciava o barco, refazia-se o mar como que diluindo os pensamentos do Manoel, pensativo e ainda com saudades apertando o peito. Olhando a espuma que, sabia, indicava o rumo da sua ilha, uma lágrima confundia-se na sua memória, incisiva e persistente, não deixando no olvido a família que lá deixara e, em ultima análise, as fortes lembranças de sua meninice!... O mar era o elo. Ao mesmo tempo que “cortava” seu cordão umbilical, fazia-o homem e a cuidar-se se próprio; e, na rota para o sul, uma cidade flutuante, cheia de vida, o apartava dos seus e se via em um solilóquio que teimava em não desaparecer... Eleutério Sousa | |
Comentários | |
Por Eleutério Gouveia Sousa (Leitor do Jornal), em 2016/06/20 | |
Uma sina que nos acompanha desde o berço...Uma terra madrasta, mas que, mesmo assim, não nos sai do coração... | |