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A Língua Portuguesa
Por Eleutério Gouveia Sousa (Leitor do Jornal), em 2024/05/0568 leram | 0 comentários | 59 gostam
Comemora-se hoje o dia do nosso idioma....
Língua Portuguesa
Hoje é o dia mundial da língua portuguesa. É a primeira vez que se faz esta comemoração. Ainda bem que pensaram neste pretexto para dedicar um dia do calendário à língua portuguesa. Falada em 9 países e por quase 300 milhões de pessoas. Por isso, a organização das Nações Unidas (UNESCO) ratificou, nesta última Segunda feira em Paris, o dia 5 de Maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Recebi esta notícia com grande felicidade.
Pela nossa língua identificamo-nos e revelamos ao mundo uma história (por sinal já muito longa), um país, um povo errante e a maior riqueza que nós temos.
A nossa identidade foi-se fazendo na multiplicidade do cruzamento da existência portuguesa, que se entrelaça na sucessão das várias gerações que enformaram a nossa história como povo e depois na riqueza que foi lançar-se mar adentro para partilhar o melhor de nós aos povos encontrados, a nossa língua. Este bolo hoje dá ao mundo uma riqueza fabulosa, que nos deve orgulhar e mais ainda nos deve fazer tomar consciência do que somos, do que temos de extraordinário, que deve ser preservado, restaurado quotidianamente, anunciado ao mundo e deixado às gerações vindouras como a mais preciosa herança que temos para oferecer.
Entre tantos homens e mulheres de todos os tempos que souberam trabalhar esta língua, destaco o maior artífice, como dizia Fernando Pessoa, «o imperador da língua portuguesa», Padre António Vieira. Este que nos deixou nos seus sermões as mais belas e requintadas construções frásicas, onde se pode saborear a beleza e o engenho do saber dizer as coisas, a existência e a transcendência.
A nossa língua dá-nos extraordinários conversadores, expositores, professores e um conjunto de povos faladores da língua portuguesa, para que se entendam na construção dos seus respetivos países, quer quanto ao sonho da felicidade e quer quanto à assunção dos ideais da paz e da justiça.
A língua portuguesa na sua literatura desvela-nos os silêncios artificiosos, o chicoteio dos insólitos nomes, pronomes, artigos e adjetivos e todas as formas gramaticais que enformam a sumptuosidade artística que esta orquestra da língua portuguesa sabe tão bem nos presentear. Por isso, não nos faltam frases que arredondam o argumento com toda a beleza retórica que a nossa língua permite.
Este dia de celebração da língua portuguesa deve servir para nos lembrar que a nossa língua deve ser preservada, deve ser aprimorada e se manter como farol do entendimento humano de todos os povos que a assumiram como letra da sua convivência.
Que seja luz contra os extremismos, que não sirva para dizer as intolerâncias e as verdades absolutas… Sirva sempre para ser letra sabiamente pronunciada contra os nacionalismos e todo o gênero de dogmas, sejam religiosos ou políticos. Assim, seja a nossa língua luz que faz entender os povos na coexistência democrática, dizendo alto e bom som que a hecatombe da guerra, a violência e a divisão dos povos não são palavras bonitas e que nos entristecem quando têm que ser faladas porque estão a ser praticadas. Deve a nossa rica língua portuguesa ditar sempre que não precisamos de mais noites totalitárias.
Parabéns à nossa língua e a todos os povos que fazem dela o pão quotidiano da sua convivência fraterna. JLR


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